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Microfone de vassoura e “quase narração” em final de Copa: o início da carreira de Léo Batista

Nascido em Cordeirópolis, “Voz Marcante” brilhou no rádio de Piracicaba antes de se mudar para o Rio de Janeiro

20/01/2025 às 13h51 Atualizada em 21/01/2025 às 14h37
Por: Heleno Lima Fonte: Por Wesley Justino e Claudia Assencio — Cordeirópolis, SP (GE Campinas e região)
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Léo Batista — Foto: TV GLOBO
Léo Batista — Foto: TV GLOBO

Generoso, admirado e carinhoso. Com esses adjetivos, Léo Batista é lembrado desde a infância em Cordeirópolis (SP), onde nasceu, e até a agora, por colegas profissão de Piracicaba (SP), com quem compartilhou situações inusitadas.

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Um dos maiores nomes da história do jornalismo esportivo brasileiro, o apresentador e locutor morreu no último domingo aos 92 anos.

Léo estava internado em hospital do Rio de Janeiro com um tumor no pâncreas.

Léo Batista atuou em Piracicaba nos primeiros anos da trajetória profissional antes de seguir para o Rio de Janeiro.

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Foto rara mostra Leo Batista no Roberto Gomes Pedrosa, o antigo estádio do XV de Piracicaba — Foto: Arquivo Difusora

Por uma rádio da cidade, onde cobria jogos do XV de Piracicaba, o locutor foi chamado para narrar a final da Copa de 1950, em que o Brasil perdeu para o Uruguai.

- Toda vez que vinha a Cordeirópolis, se ele não me encontrasse em minha casa, deixava um bilhete carinhoso, afável e amigo”, contou com carinho. Ele tinha um gosto enorme pela profissão. Ele era muito admirado. Mas, para nós aqui, Cordeiropolenses, não se trata do Léo Batista. Para nós, é ‘Batistin’, que é o apelido que nós tínhamos quando jogávamos bola - disse Cyriaco Hespanhol, de 89 anos, amigo de infância.

João Baptista Belinaso Neto, como era o nome de batismo de Léo Batista, nasceu em 22 de julho de 1932.

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Amigo de infância de Léo Batista, Cyriaco Hespanhol, relembra memórias e bilhetes recebidos por Léo Batista — Foto: Wesley Justino/EPTV

Ele iniciou a carreira na década de 40 após ser aprovado em um concurso para locutor do serviço de alto-falante da cidade.

Ainda adolescente, a voz marcante deu asas para a imaginação.

O sobrinho do locutor, José Vitor Luke, lembra de um costume curioso, com a simulação de um microfone, que já era um prenúncio da trajetória de sucesso do tio no jornalismo esportivo no futuro.

Ele ia fazer a entrega de pão e, na volta, quando encontrava o pessoal jogando bola, pegava um cabo de vassoura e colocava uma latinha de massa de tomate e ficava narrando o jogo na margem do campo - lembra o familiar.

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Léo Batista — Foto: Infoesporte/ge

Dos altos faltantes da praça central de Cordeirópolis, Léo Batista foi convidado para trabalhar em uma rádio em Birigui.

Ele se destacou e conseguiu vaga na Rádio Difusora em Piracicaba.

- O Leo Batista era conhecidíssimo em Piracicaba. Todo mundo falava dele e o nome na cidade era Belinaso Neto. A Rádio Difusora tinha uma audiência grande e era a única em Piracicaba. Transmitindo o jogo do XV, com uma voz marcante, e aquele jeitão dele, foi conquistando o público - lembra o locutor Ulysses Michin.

1950, a primeira Copa do Mundo

Em 16 de julho de 1950, Léo Batista precisava transmitir o final da Copa do Mundo, em que o Brasil perdeu para o Uruguai.

Na época, a voz dos locutores chegava dos estádios para as emissoras por meio de linhas de telefone fixo.

Um problema na distribuição dos fios deixou o locutor sem poder narrar a partida.

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Léo Batista — Foto: Manoella Mello/Globo

- Vim transmitir o jogo pela Rádio Difusora de Piracicaba. Enrolaram lá na hora de distribuir os fios. Eu assisti ao jogo e não consegui transmitir porque não conseguia achar a minha linha - contou Léo Batista.

Em 1955, trocou o rádio pela televisão quando foi contratado pela TV Rio.

Em 1963, no Maracanã, ajudou uma equipe de rádio com quem tinha trabalhado em Piracicaba.

- Nós estávamos colocados atrás das cabines principais do Maracanã. Com a chuva, molhou todo o meu equipamento. Então, fui procurar o senhor Léo Batista. Ele me ajudou. Pediu para um técnico instalar o meu equipamento para poder narrar o jogo. Nossa, ele atendeu com uma grande educação, alegre e perguntando como estava Piracicaba e o XV - relembra Ulysses.

Prefeitura de Cordeirópolis decreta luto oficial de três dias 

- Cordeiropolense e apaixonado pelo rádio, o jornalista começou sua trajetória na cidade. Do improviso num canto de sua casa, para o sistema de alto-falante de Cordeirópolis, no coreto da Praça Comendador Jamil Abrahão Saad – antes chamada João Pessoa. Depois, Léo desbravou o Brasil e tornou-se um ícone da televisão e da narração - afirma a administração municipal em trecho de nota enviada à imprensa.

- Por onde passou durante sua trajetória, fez questão de levar o nome de Cordeirópolis com orgulho de um filho. A Prefeitura de Cordeirópolis, por meio da prefeita Cristina Saad e do vice-prefeito Anderson Hespanhol Pique, lamenta a morte do Léo Batista e decreta luto oficial de três dias.

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