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A crítica ao jornalismo esportivo brasileiro no Mundial de Clubes 2025

A grande vítima dessa miopia analítica foi, sem dúvida, o Fluminense

05/07/2025 às 16h52 Atualizada em 06/07/2025 às 22h19
Por: Heleno Lima Fonte: Por José Carlos Araújo Silva - Bacharel em Direito
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José Carlos Araújo Silva é Bacharel em Direito
José Carlos Araújo Silva é Bacharel em Direito

A Copa do Mundo de Clubes de 2025 tem se revelado um prato cheio para quem gosta de futebol, mas um balde de água fria para grande parte do jornalismo e dos comentaristas esportivos brasileiros.

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No início da competição, o coro era quase uníssono: clubes europeus como PSG, Manchester City, Bayern de Munique, Inter de Milão e Real Madrid, eram os "bichos papões", e as chances dos brasileiros eram, na melhor das hipóteses, minúsculas. Supercomputadores, análises de "especialistas" e cotações de casas de apostas eram empilhados para justificar a tese da inevitável supremacia europeia.

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No entanto, a bola, como de costume, se recusou a ler o roteiro.

A grande vítima dessa miopia analítica foi, sem dúvida, o Fluminense.

O tricolor carioca, o "menos cotado para ir mais longe" entre os brasileiros, segundo a vasta maioria das previsões, foi tratado com uma dose generosa de ceticismo.

As probabilidades de título para o Fluminense eram frequentemente apresentadas como próximas de zero, e sua capacidade de avançar na competição era vista com desconfiança.

"Azarão", "zebra", "improvável" – esses eram os adjetivos que mais acompanhavam o nome do clube.

E o que aconteceu? O Fluminense venceu a Inter de Milão nas oitavas de final, um resultado que, por si só, já desmentia a narrativa dominante.

E, para consolidar a reviravolta, o tricolor derrotou o Al Hilal nas quartas de final, garantindo sua vaga nas semifinais. Enquanto isso, gigantes europeus caíam pelo caminho, como o Manchester City e a Inter de Milão, ambos eliminados por equipes que não estavam no seleto grupo de "favoritos absolutos".

O próprio Palmeiras, que tinha projeções um pouco melhores que o Fluminense, foi eliminado nas quartas.

Essa série de eventos levanta uma questão crucial sobre a qualidade da análise feita por parte da imprensa esportiva brasileira.

Será que o apego excessivo a algoritmos e a uma visão eurocêntrica do futebol impede uma leitura mais atenta e realista do cenário?

O jornalismo esportivo deveria ser pautado pela análise crítica e pela capacidade de prever o imprevisível, e não por uma fé cega em números que nem sempre refletem a paixão, a garra e a capacidade de superação que o futebol sul-americano tantas vezes demonstra.

A verdade é que a arrogância em subestimar o futebol brasileiro, especialmente o de clubes como o Fluminense, que provaram sua força em campo, é um desserviço à profissão e aos torcedores.

É hora de reconhecer que a bola não tem medo de desmentir as projeções e que, no futebol, a única certeza é a incerteza.

E, para a imprensa esportiva brasileira, fica a lição: as previsões são apenas isso, previsões, e o campo é o verdadeiro juiz.

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