A Copa do Mundo de Clubes de 2025 tem se revelado um prato cheio para quem gosta de futebol, mas um balde de água fria para grande parte do jornalismo e dos comentaristas esportivos brasileiros.
No início da competição, o coro era quase uníssono: clubes europeus como PSG, Manchester City, Bayern de Munique, Inter de Milão e Real Madrid, eram os "bichos papões", e as chances dos brasileiros eram, na melhor das hipóteses, minúsculas. Supercomputadores, análises de "especialistas" e cotações de casas de apostas eram empilhados para justificar a tese da inevitável supremacia europeia.
No entanto, a bola, como de costume, se recusou a ler o roteiro.
A grande vítima dessa miopia analítica foi, sem dúvida, o Fluminense.
O tricolor carioca, o "menos cotado para ir mais longe" entre os brasileiros, segundo a vasta maioria das previsões, foi tratado com uma dose generosa de ceticismo.
As probabilidades de título para o Fluminense eram frequentemente apresentadas como próximas de zero, e sua capacidade de avançar na competição era vista com desconfiança.
"Azarão", "zebra", "improvável" – esses eram os adjetivos que mais acompanhavam o nome do clube.
E o que aconteceu? O Fluminense venceu a Inter de Milão nas oitavas de final, um resultado que, por si só, já desmentia a narrativa dominante.
E, para consolidar a reviravolta, o tricolor derrotou o Al Hilal nas quartas de final, garantindo sua vaga nas semifinais. Enquanto isso, gigantes europeus caíam pelo caminho, como o Manchester City e a Inter de Milão, ambos eliminados por equipes que não estavam no seleto grupo de "favoritos absolutos".
O próprio Palmeiras, que tinha projeções um pouco melhores que o Fluminense, foi eliminado nas quartas.
Essa série de eventos levanta uma questão crucial sobre a qualidade da análise feita por parte da imprensa esportiva brasileira.
Será que o apego excessivo a algoritmos e a uma visão eurocêntrica do futebol impede uma leitura mais atenta e realista do cenário?
O jornalismo esportivo deveria ser pautado pela análise crítica e pela capacidade de prever o imprevisível, e não por uma fé cega em números que nem sempre refletem a paixão, a garra e a capacidade de superação que o futebol sul-americano tantas vezes demonstra.
A verdade é que a arrogância em subestimar o futebol brasileiro, especialmente o de clubes como o Fluminense, que provaram sua força em campo, é um desserviço à profissão e aos torcedores.
É hora de reconhecer que a bola não tem medo de desmentir as projeções e que, no futebol, a única certeza é a incerteza.
E, para a imprensa esportiva brasileira, fica a lição: as previsões são apenas isso, previsões, e o campo é o verdadeiro juiz.